No planalto central, um poema concreto: BRASÍLIA

<p> N&atilde;o se faz um poema com id&eacute;ias, mas com palavras, dizia Mallarm&eacute;.<br /> Assim como n&atilde;o se fez Bras&iacute;lia s&oacute; com palavras, mas com desenhos.<br /> Como um gesto, a forma surge numa rela&ccedil;&atilde;o de pertencimento ao lugar. Mesmo que<br /> este lugar seja o infinito do cerrado.<br /> Toda a secura dos l&aacute;bios, do nariz, dos olhos n&atilde;o impedia o embevecimento desta<br /> cidade surpreendentemente projetada pelas linhas de Lucio e pelas curvas de Oscar.<br /> Uma cumplicidade com brandura e brancura po&eacute;tica.<br /> Percorremos todos seus recantos, do eixo monumental &agrave; beleza das superquadras.<br /> Estas foram, sem d&uacute;vida, a grande inven&ccedil;&atilde;o ou o b&aacute;lsamo proporcionado &agrave;queles que<br /> se aventuraram um dia morar numa novacap. L&aacute; a escala se dobra e se humaniza.<br /> A chuva n&atilde;o apareceu pra verdejar o planalto central. Mesmo com a secura dos<br /> gramados e do cerrado, no pal&aacute;cio dos arcos, na catedral, no congresso brotava a<br /> exuber&acirc;ncia da arquitetura moderna. Tudo falava arquitetura.<br /> Sabedores da aridez do clima pensaram no Parano&aacute;, um vasto lago artificial, com suas<br /> bordas revestidas de lazer e de contempla&ccedil;&atilde;o, verdadeira &ldquo;d&aacute;diva do Nilo&rdquo;.<br /> Da torre da televis&atilde;o, avista-se toda cidade em 360 graus, cercada por barracas de<br /> comidas ao artesanato, de candangos a nordestinos, l&aacute; &eacute; o encontro, uma arquitetura<br /> sem arquitetos.<br /> A nossa despedida de Bras&iacute;lia aconteceu no Teatro Nacional com a orquestra sinf&ocirc;nica<br /> interpretando Bramhs, uma verdadeira arquitetura vivenciada, conforme Steen<br /> Rasmussen.<br /> Ainda n&atilde;o conhecia Bras&iacute;lia, s&oacute; atrav&eacute;s de imagens e de livros e sempre me perguntava<br /> quando iria conhecer? E a resposta veio em outubro cercada por alunos e orientada por<br /> um mestre conhecedor de Bras&iacute;lia.<br /> Brandura po&eacute;tica / Brancura / Bravura / Isto &eacute; Bras&iacute;lia.</p>
Fonte:Gladys Neves Publicado em:30-09-2011 12:36:29